“Biochemicals in Brazil: a market assessment of five strategic product categories” é o estudo financiado pelo ENRICH in Brazil – Centro de Inovação Brasil-Europa e desenvolvido pelo Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
A pesquisa identificou e analisou em profundidade os produtos químicos renováveis mais promissores para a economia brasileira nos próximos anos, identificando que o Brasil tem grande potencial de desenvolvimento de cinco categorias de químicos de origem renovável: cosméticos e produtos para cuidados pessoais; adoçantes; nanocelulose; bioplásticos e plataformas bioquímicas.
Conduzida pelos pesquisadores Sérgio Queiroz, Guilherme de Oliveira Marques e Nicholas Vonortas, da Unicamp – a iniciativa coletou, sistematizou e analisou informações sobre consumo e produção de bioquímicos em bases públicas de dados, como a Pesquisa Industrial Anual (PIA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de relatórios técnicos, artigos científicos e patentes. O estudo também contou com entrevistas com representantes do setor de químicos renováveis no Brasil e foi inspirado em estudos prévios do JRC – Joint Research Centre, instituto de ciência e tecnologia da União Europeia.
O levantamento surge no contexto da alta capacidade de produção brasileira, a alta demanda em nível mundial e as principais competências do país em termos de inovação, para cada uma das categorias de bioquímicos. O crescimento da indústria de bioquímicos, pautado em tecnologias ambientalmente sustentáveis para a criação de novos produtos, foi um dos principais motivadores da pesquisa, também motivada pelas oportunidades de colaboração internacional no setor. “Nosso objetivo, como financiadores e apoiadores da pesquisa, é colaborar para o fomento das oportunidades de colaboração entre o Brasil e a Europa, no desenvolvimento de atividades ligadas à ciência, tecnologia e inovação, e no fortalecimento da Bioeconomia, e dos bioquímicos renováveis, fundamentais para um futuro responsável e sustentável”, afirma Filipe Cassapo, presidente do ENRICH no Brasil.
Oportunidades e desafios
Além do interesse mundial cada vez maior por produtos desenvolvidos a partir de fontes renováveis, a biotecnologia de maneira geral e os químicos em particular representam uma das áreas com maior potencial para colaboração entre o Brasil e a União Europeia. Essa constatação é corroborada também pelo Projeto europeu INCOBRA, que teve o objetivo de fomentar projetos de pesquisa e inovação (concluído em 2018).
“A atual crise ambiental vem acelerando a busca pela substituição dos petroquímicos e combustíveis fósseis por tecnologias renováveis em todo o mundo, e o Brasil está bem posicionado para responder a esse desafio: além de ter uma matriz energética impressionantemente limpa, em comparação com outros países industrializados, possui uma rica biodiversidade, um complexo agroindustrial forte e recursos adaptáveis, com inúmeras potencialidades”, observa Sérgio Queiroz, coordenador do estudo.
Outro ponto forte apontado pelo estudo é o fato de o Brasil contar com importantes institutos de pesquisa, que atuam como pontes entre a produção científica que dá suporte ao desenvolvimento de novas tecnologias – geralmente localizada nas universidades – e a comunidade industrial. A pesquisa também aponta desafios para a indústria brasileira na área de bioquímicos, como custos de produção, infraestrutura industrial, políticas públicas para incentivar a fabricação de produtos mais sustentáveis e questões regulatórias, inclusive ligadas à certificação e destino final dos bioplásticos. “Um dos caminhos para acelerar a superação desses desafios é justamente a realização de parcerias”, afirma Queiroz.
“Quando se trata de Ciência, de Tecnologia e de Inovação, a União Europeia e o Brasil são complemenares, pois onde um possui pontos fortes outro pode propor desafios, seja em termos de pesquisa, de tecnologia, de acesso ao mercado, ou de capacidade industrial. Neste contexto, o Brasil possui iniciativas de alto impacto em pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de uma das maiores produtividade agroindustriais do Mundo, para produção em larga escala, e uma das maiores biodiversidades do mundo. As duas regiões se complementam, o que é a premissa para uma boa parceria”, conclui Filipe Cassapo.