Os sistemas agroflorestais, por sua diversidade de produtos na mesma unidade de área e manejo, são sistemas de produção ideais para agricultores familiares. Isso porque as famílias não dependem apenas de um produto, têm colheita diversa ao longo de todo o ano, além de tirar da produção os alimentos para seu próprio consumo.
Graças à alta diversidade proporcionada pelo sistema, árvores frutíferas, madeireiras, plantas graníferas (produção de grãos), forrageiras e até medicinais e ornamentais, convivem numa mesma área. Cada cultura é implantada no espaçamento adequado ao seu desenvolvimento e às suas necessidades de luz, fertilidade, arquitetura e porte, que são cuidadosamente combinadas por métodos específicos.
Segundo os engenheiros florestais e fundadores da Pretaterra, uma iniciativa que se dedica à disseminação de sistemas agroflorestais regenerativos pelo mundo, Paula Costa e Valter Ziantoni, o sistema é planejado para permitir colheitas desde o primeiro ano de implantação. “A ideia é que o agricultor tenha rendimentos oriundos de culturas anuais, como hortaliças e frutas de ciclo curto, enquanto aguarda a maturação das espécies florestais e das frutíferas de ciclo mais longo. Isso garante produtos disponíveis para a comercialização em diferentes épocas do ano e ao longo do tempo, incrementa a renda e aproveita melhor a mão de obra familiar”, salienta Paula.
Ziantoni acrescenta que, além do benefício econômico, há inúmeras vantagens ambientais, como a recuperação da fertilidade dos solos, com redução de erosão, aumento da infiltração de água, e consequentemente, a conservação de rios e nascentes. “Podemos destacar ainda o aumento da diversidade de espécies, o que privilegia o controle natural de pragas e doenças, não apenas na propriedade, mas a nível da paisagem como um todo”.
“Dessa forma, a diversificação de produtos, a maior segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental, o incremento na fertilidade do solo e a redução gradativa nos custos de produção fazem da agrofloresta uma excelente opção para a agricultura familiar no Brasil”, reforça Paula.
A importância da comercialização – Os engenheiros da Pretaterra lembram que a comercialização é um ponto-chave para o sucesso da produção agroflorestal. Existem diversas oportunidades para comercialização, dependendo da diversidade de produtos, grau de beneficiamento e valor agregado, proximidade com o mercado consumidor e organização da comunidade onde o agricultor está inserido.
Diante disso, Ziantoni explica que, além do design agroflorestal, é de suma importancia que seja feita uma minuciosa modelagem financeira, incluindo todos os custos de formação do sistema com detalhes sobre o tempo de retorno do investimento, TIR (Taxa Interna de Retorno) e VPL (Valor Presente Líquido).
Foto de capa: Projeto de agrofloresta em agricultura familiar, em Juruti (PA). Crédito: Valter Zianton, Pretaterra