Artigo – Selos de qualidade garantem o bem-estar dos animais durante processo de produção

Marcelo Ribas*

De acordo com um estudo realizado em 2016 pela World Animal Protection, Organização Não Governamental com mais de cinquenta anos de atuação na proteção de animas pelo mundo, dois a cada três brasileiros não sabem a forma como os animais são criados antes de serem abatidos. De lá para cá, afirmo que esse panorama tem mudado bastante, com clientes super antenados que escolhem os produtos não somente pelo preço de venda.

Consumidores de proteína animal estão cada vez mais preocupados com a qualidade do que estão adquirindo, no sentido de se interessarem pela forma com que os animais são tratados durante o processo de produção. Nas gôndolas dos supermercados, já é possível encontrar alimentos com selos que atestam para as pessoas o bem-estar dos animais, garantindo a qualidade do manejo e boas condições sanitárias.

No setor pecuário, por exemplo, a raça Angus – referência em qualidade e rastreabilidade – possui um Selo de Sustentabilidade com informações sobre a origem, cuidados, tratamentos e práticas utilizadas para a obtenção de carne de alta qualidade, certificando oficialmente o compromisso que os pecuaristas têm com o meio ambiente e seus animais. Criada pela Associação Brasileira de Angus, a etiqueta atende as novas correntes de comportamento de consumo das famílias brasileiras.

Muitos produtores rurais costumam ficar em dúvida sobre se vale a pena ajustar seus negócios às boas práticas para obter o Selo de Qualidade Animal e respondo que sim. Se estamos conquistando e buscando novos mercados, precisamos mostrar que a carne do Brasil é um produto de confiança.

Tendo em vista que a rastreabilidade da pecuária no Brasil ainda é baixa, possuímos na Intergado uma solução capaz de monitorar os animais em todas as fases da criação. Através da pesagem voluntária, realizada por meio de uma balança instalada em frente ao bebedouro, o sistema fornece diariamente o peso dos animais, possibilitando ao produtor a identificação de falhas no manejo e doenças que possam afetar o rebanho.

Nosso sistema gera alertas que facilitam a detecção de doenças em fase inicial, viabilizando um tratamento imediato, gerando economia ao pecuarista e contribuindo com bem-estar dos animais. A tecnologia também permite ao frigorífico acesso a todo histórico do animal durante a criação, chancelando assim, a procedência do produto.

É verdade que a lista de requisitos para a concessão de um Selo de Qualidade é muito abrangente, indo desde os indicadores sanitários até os indicadores de bem-estar propriamente ditos, mas validar os procedimentos adotados pelo produtor formaliza a sua atividade e proporciona mais valor ao seu produto. O assunto é para se pensar porque daqui para frente, essa será a tendência no setor de carnes.

*Marcelo Ribas é médico-veterinário e atualmente exerce a função de diretor executivo da Intergado, startup que desenvolve e disponibiliza soluções de pecuária de precisão que melhoram a qualidade da informação e maximizam os resultados financeiros dos clientes.

Foto de capa: Infobae