O IBGE lançou no dia 19 de dezembro, a publicação Geografias da Agricultura Brasileira, trazendo um conjunto de 151 mapas e 135 gráficos elaborados a partir dos resultados preliminares do Censo Agro 2017, que foram divulgados em 26 de julho de 2018. Os mapas mostram a distribuição geográfica dos estabelecimentos agropecuários do País e de seus principais produtos. Há comparações com o Censo Agro 2006, retratando as principais modificações ocorridas na agricultura, no período entre os dois censos.
Os mapas incluem a localização de todos os estabelecimentos agropecuários, bem como a distribuição geográfica dos principais produtos agrícolas (soja, milho, cana de açúcar, café, arroz, feijão e mandioca). Como estão na Plataforma Geográfica Interativa do IBGE, permitem ao usuário acrescentar e manipular camadas de informações como, por exemplo, a malha das rodovias e ferrovias. Também é possível recortar os dados do Censo Agro 2017 para regiões específicas, como a Amazônia Legal ou o Semiárido.
Ao comparar as informações dos censos agropecuários de 2006 e 2017, os mapas mostram fenômenos como o avanço da fronteira agrícola na região Norte, o aumento no número de estabelecimentos que utilizam agrotóxicos e a ampliação do acesso à internet, por exemplo. Os mapas trazem, ainda, a distribuição geográfica dos estabelecimentos agropecuários segundo a sua faixa de tamanho, além da escolaridade, a idade, e a cor/raça do (a) produtor(a).
A análise geográfica dos dados preliminares do Censo Agropecuário 2017 aponta que, em relação à distribuição dos estabelecimentos agropecuários, dois casos ilustram tendências quase simétricas: Ceará e Rio Grande do Sul. No primeiro caso, houve retração da área ocupada por estabelecimentos agropecuários. Em 2006, 53,0% do território do estado eram ocupados por estabelecimentos, enquanto, em 2017, esse valor caiu para 46,3%. Curiosamente, o número de estabelecimentos aumentou: em 2017, eram 13.300 estabelecimentos a mais do que em 2006. Isso indica uma significativa desconcentração do território utilizado, ou seja, mais produtores agropecuários usando uma área menor.
O Rio Grande do Sul, por sua vez, teve a experiência inversa. Houve um ligeiro aumento na porção do território estadual apropriado por estabelecimentos agropecuários: de 76,0%, em 2006, para 77,0%, em 2017. Ainda assim, o número de estabelecimentos decaiu de modo muito significativo. Eram 76.420 estabelecimentos a menos, em 2017, queda de 17,3%.”
Com exceção do Distrito Federal, houve aumento no número de estabelecimentos agropecuários usuários de agrotóxicos em todas as unidades da federação. Os maiores aumentos percentuais ocorreram no Espírito Santo (29,5%) e no Mato Grosso (28,1%). Embora a região Centro-Oeste tenha uma intensa atividade agrícola, o maior percentual de estabelecimentos usuários de agrotóxicos continua nos estados da região Sul: 72,1% dos estabelecimentos de Santa Catarina, 71,2% dos estabelecimentos do Rio Grande do Sul e 63,8% dos estabelecimentos do Paraná usavam agrotóxicos.
Os dois principais cultivos do País continuam sendo a soja e o milho, e os mapas retratam a evolução de ambos no território: na região Norte ocorreu a maior expansão proporcional da área colhida de soja (339,1%), embora isso represente somente 8,0% da expansão da soja no País, no período. A maior expansão da área colhida de soja se deu no Centro-Oeste: de 7.730.388 para 14.148.202 hectares, um crescimento de 83,0%. Em 2017, esta região era responsável por 46,4% da área colhida da soja no País.
Mais de 70% do aumento total da área ocupada com sistemas agroflorestais no Brasil ocorreu no Semiárido: dos 5.614.188 hectares que o País ganhou, entre 2006 e 2017, 3.941.120 hectares estavam naquela região.
Outra dimensão importante das transformações nos espaços agropecuários brasileiros é a estrutura etária dos produtores. Os dados dos Censos mostram um envelhecimento dos produtores agropecuários brasileiros. Em todos os Estados, à exceção do Acre, as faixas de menor idade (menor que 25 anos, 25-35 e 35-45) viram sua participação no total de produtores cair. Enquanto isso, as faixas 45-55, 55-65 e 65 anos ou mais tiveram aumento de participação, sobretudo as últimas duas. O maior aumento, em pontos percentuais, ocorreu em Goiás, onde a faixa de 65 anos ou mais experimentou um aumento de 7,0%, entre 2006 e 2017.
O caderno temático Geografias da Agropecuária Brasileira – Uma Visão Territorial dos Resultados Preliminares do Censo Agropecuário 2017, do Atlas Nacional Digital 2018, que também está disponível numa plataforma geográfica interativa, disponibiliza o conteúdo em pdf e em geosserviços. A publicação pode ser acessada aqui.