IA analisa saúde de água e solo e ajuda agricultores

A agricultura representa mais de 70% do consumo anual de água no mundo. Com fazendas pequenas produzindo quase 80% dos alimentos para os países em desenvolvimento, garantir a qualidade e a segurança do nosso suprimento de água é algo fundamental. A análise química para a agricultura depende, muitas vezes, de testes de laboratório caros e demorados, realizados longe da fazenda. Como resultado disso, essa análise é feita com pouca frequência e fica limitada a um número pequeno de amostras. Para favorecer a realização dos testes, a equipe brasileira do laboratório de pesquisa da IBM no Brasil desenvolveu o protótipo de um dispositivo que utiliza Inteligência Artificial (IA) e permite a análise química em tempo real e in loco, de uma amostra de solo ou água. Batizada de AgroPad, a solução – como explica  Mathias Steiner, gerente de Tecnologia Industrial e Ciência do IBM Research Brasil – foi projetada com a meta de simplificar esse processo e favorecer o  monitoramento da saúde do solo e da água também ao pequeno agricultor.

Os testes são realizados a partir de uma gota de água ou amostra de solo. “O material é colocado no AgroPad, que é um dispositivo de papel do tamanho de um cartão de visita, e o chip microfluídico localizado dentro do cartão realiza uma análise química da amostra, no próprio local. Os resultados desses testes colorimétricos são  disponibilizados em alguns segundos e exibidos por meio de um conjunto de círculos no verso do cartão, com a cor de cada um deles representando a quantidade de um determinado elemento químico na amostra. A partir daí, o produtor só precisa utilizar seu smartphone com um aplicativo dedicado para fotografar o AgroPad e receber de forma imediata o resultado do teste químico”, explicou Steiner.

A abordagem de computação aplicada é chamada de “AI on the edge” e usa algoritmos de aprendizado de máquina e também de processamento de imagem para traduzir a composição e a intensidade das cores medidas em concentrações de elementos químicos na amostra, tornando-a mais confiável do que testes baseados apenas no olhar humano. Esses dados podem ser transmitidos simultaneamente para uma plataforma de computação em nuvem e rotulados com uma etiqueta digital que identifica unicamente o teste, juntamente com a hora, a localização e os resultados da análise química. A plataforma de nuvem permite o gerenciamento e a integração de milhões de testes individuais realizados nos mais diversos horários e locais. Essa é uma característica importante para que seja possível monitorar, por exemplo, a mudança na concentração de fertilizantes em uma determinada região ao longo do ano.

“Atualmente, temos uma solução-protótipo baseada em cinco parâmetros para testes de solo e água que medem pH, nitrito, alumínio, magnésio e cloro. Além de estarmos ampliando continuamente a biblioteca de indicadores químicos disponíveis para implantação, cada AgroPad pode ser personalizado com base nas necessidades do usuário”, frisa Steiner, comentando que “como os testes em papel podem ser realizados com segurança por qualquer pessoa – sem que ela precise ser uma especialista na área –, a coleta pública de dados com digitalização instantânea em sensoriamento químico torna-se uma possibilidade real. Unindo a produção em massa e o baixo custo do dispositivo baseado em papel com o alcance em grande escala por meio de tecnologias móveis e nuvem, o protótipo exploratório pode revolucionar a agricultura digital e os testes ambientais”.

(Veja o vídeo aqui: Saiba tudo sobre o IBM AgroPad)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui