O ano começou movimentado para os setores do agronegócio que atuam no mercado internacional, como café e proteína animal, registrando crescimento nas exportações e consolidação de mercados. Ovos vão na contramão devido a crescimento da demanda interna.
No caso do café, segundo consolidado do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as exportações brasileiras atingiram 3,2 milhões de sacas em janeiro, considerando a soma de café verde, solúvel e torrado & moído, com crescimento em volume, receita cambial e preço médio da saca de café em relação à dezembro de 2019.A receita cambial gerada com os embarques no mês foi de US$ 438,14 milhões e o preço médio da saca de café foi de US$ 136,00, apresentando ligeiro crescimento de 1,7% em relação a janeiro do ano passado. Os dados são do relatório compilado pelo Cecafé.
Com esses resultados, os sete primeiros meses do Ano-Safra 2019/20 (jul/19-jan/20), consolidam vendas para o mercado externo de 23,5 milhões de sacas de café, com destaque para o crescimento de 19,6% nas exportações de café robusta na mesma base comparativa da safra anterior. A receita cambial com as exportações do período até agora foi de US$ 2,9 bilhões e o preço médio ficou em US$ 126,84.
Com relação a carne suína e frango, os resultados também são positivos, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Em suínos, as vendas internacionais cresceram 41% em janeiro, com receita cambial 78,9% superior em relação ao mesmo período do ano passado; as exportações de carne de frango foram 14,9% superiores em janeiro, em relação ao registrado no mesmo período de 2019, elevando a receita em 16,5%. A exceção fica come os embarques brasileiros de ovos que, considerando todos os produtos, entre in natura e processados, somaram volume 48% inferior às 1.579 toneladas embarcadas no mesmo período do ano passado, situando o saldo das exportações em US$ 863 mil, número 48% menor que o obtido no primeiro mês do ano passado.
“A demanda chinesa se manteve elevada ao longo do mês de janeiro. É um fator importante no impulso das exportações brasileiras”, analisa Francisco Turra, presidente da ABPA, frisando que “apesar da notável influência chinesa, outros destinos da Ásia e da América do Sul ajudaram a manter a forte alta do resultado mensal, que é o maior saldo histórico já registrado com suínos durante o mês de janeiro e acena para um resultado positivo em 2020”, analisa Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
Café
Comparando os dados de janeiro deste ano a dezembro de 2019, o volume das exportações de café registrou crescimento de 5,3%. A receita apresentou aumento de 11,7% e o preço médio, neste caso, também cresceu em 6%.
Com relação às variedades embarcadas, o café arábica representou 83,2% do volume total de café exportado em janeiro, com 2,7 milhões de sacas embarcadas. O café solúvel representou 9,8% dos embarques no mês, com 315,3 mil sacas exportadas, registrando aumento de 28,9% em relação ao mesmo mês do ano passado. Já o café conilon (robusta) representou 6,9% de participação nas exportações, equivalente a 223,8 mil sacas. Vale destacar que esta variedade de café também apresentou crescimento, de 48,6%, nas exportações comparando com o volume do café embarcado em janeiro de 2019.
“Os resultados das exportações de café em janeiro foram muito positivos, principalmente em relação ao valor em dólares por saca, que foi superior ao mesmo período do ano anterior, apesar da forte desvalorização do real. Seguimos atendendo o mercado importador, com eficiência e qualidade. O crescimento dos investimentos, a agenda prioritária em infraestrutura no país e a queda da taxa de juros e dos índices de inflação mostram um cenário com positivo fundamento para a economia brasileira e todo o nosso setor. Comprovando mais uma vez a qualidade e sustentabilidade do agronegócio do café brasileiro, pela primeira vez, a Coréia do Sul entra para a lista dos 10 maiores importadores, dado que o país é reconhecido por sua alta exigência em qualidade no mercado internacional e junto com o Japão podem influenciar o aumento do consumo do café brasileiro nos demais países asiáticos, principalmente na China”, afirma Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé.
Principais destinos – Em janeiro, o balanço das exportações mostra que os Estados Unidos e a Alemanha continuam sendo os países que mais consomem café brasileiro. Eles importaram, respectivamente, 617,9 mil e 617,1 mil sacas (19,2% das exportações no mês para cada país). Na sequência, os países que mais importaram o produto foram Itália, com 259,6 mil sacas (8,1% das exportações); Japão, com 192,9 mil sacas (6%); Bélgica, com 150,1 mil sacas (4,7%); Federação Russa, com 121,3 mil sacas (3,8%); Turquia, com 94,3 mil sacas (2,9%); Canadá, com 83,4 mil sacas (2,6%); Suécia, com 76,7 mil sacas (2,4%); e Coréia do Sul, com 67,5 mil sacas (2,1%).
Desses principais destinos de café brasileiro, a Suécia e a Federação Russa se destacaram por registrar os maiores crescimentos na importação de café comparando-se janeiro deste ano com o mesmo mês do ano passado. A Suécia apresentou crescimento de 96,5% na importação do produto, enquanto a Federação Russa importou 64,7% a mais comparado a janeiro de 2019. Coreia do Sul e Canadá também apresentaram crescimento no consumo de café, de 14,9% e 11,8%, respectivamente, na mesma base comparativa. Esta é a primeira vez que a Correio do Sul entra no rol dos 10 principais importadores de café brasileiro.
Também se destacam no mês as exportações para os países do BRICS, que registraram aumento de 79% (165,8 mil sacas), Leste Europeu, +55,4% (180,9 mil sacas) e Países Árabes, com +29,1% (121,7 mil sacas).
Os embarques para os países produtores, por sua vez, também registraram crescimento, de 24,4%, com 120,4 mil sacas embarcadas no mês, destacando-se as compras de café verde do México e da Colômbia, que resultaram na participação entre os produtores, importadores do café verde, de 52,5% e 34,1%, respectivamente.
Cafés diferenciados – Em janeiro, o Brasil exportou 628,9 mil sacas de cafés diferenciados (aqueles que têm qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis) que representaram 19,5% do total embarcado no mês. A receita cambial dessa modalidade foi de US$ 108,2 milhões, correspondendo a 24,7% do total gerado com os valores da exportação de café, enquanto que o preço médio ficou em US$ 172,09.
Os 10 maiores países importadores de cafés diferenciados representaram 73,9% dos embarques com diferenciação em janeiro. Os Estados Unidos seguem sendo o país que mais recebe cafés diferenciados do Brasil, com 115,1 mil sacas exportadas (equivalente a 18,3% de participação nas exportações da modalidade). A Alemanha ficou em segundo lugar, com 69,1 mil sacas (11%), seguida pelo Japão, com 65,9 mil (10,5%), Itália, com 50,9 mil (8,1%), Bélgica, com 49,8 mil (7,9%), Reino Unido, com 25,9 mil (4,1%), Suécia, com 23,4 mil (3,7%), Coreia do Sul, com 22,5 mil (3,6%), Canadá, com 22,4 mil (3,6%) e Federação Russa, com 19,9 mil sacas (3,2%).
Suíno e frango
As exportações de carne suína do Brasil (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 68,5 mil toneladas em janeiro, segundo levantamentos da ABPA. O número é 41% superior ao registrado no primeiro mês de 2019, quando foram embarcadas 48,5 mil toneladas. A receita das vendas foi de US$ 164,1 milhões, resultado 78,9% maior que saldo registrado em janeiro de 2019, com US$ 91,7 milhões.
Já no caso das exportações brasileiras de carne de frango (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 323,8 mil toneladas em janeiro, sendo que o número é 14,9% superior ao registrado no mesmo período de 2019, quando foram embarcadas 281,7 mil toneladas. No mesmo período comparativo, o saldo das exportações em dólares cresceu 16,5%, alcançando US$ 529,1 milhões – contra US$ 454 milhões em janeiro de 2019.
A China se manteve como carro-chefe das exportações brasileiras, que recebe 19,8% do total, o mesmo acontecendo com as vendas de suínos e frangos para aquele país.
Destino de 30,6 mil toneladas (45% do total) de carne suína, o país asiático cresceu suas importações em 252% na comparação com o mesmo período do ano passado, com 8,7 mil toneladas. No caso do frango, a China importou 62,7 mil toneladas de frango apenas no primeiro mês do ano, volume 87% superior ao alcançado no mesmo período de 2019, quando foram exportadas 33,6 mil toneladas.
Entre os principais destinos das exportações brasileiras de frango, o Japão (com participação de 10,1% nas exportações) importou 31,9 mil toneladas, volume 17% maior na comparação com janeiro de 2019. Outro mercado com bom desempenho no mês foi a União Europeia, cujas importações cresceram 22% segundo o mesmo comparativo, totalizando 18,1 mil toneladas.
Ovos
Segundo a ABPA, a alta demanda interna de ovos diminuiu as exportações em janeiro que, considerando todos os produtos, entre in natura e processados, alcançaram 821 toneladas em janeiro, volume 48% inferior às 1.579 toneladas embarcadas no mesmo período do ano passado. Em receita, o saldo das exportações totalizou US$ 863 mil, número 48% menor que o obtido no primeiro mês do ano passado, com US$ 1.659 mil.
Dentre os principais destinos, o bloco dos Emirados Árabes se destacou com a compra de 602 toneladas em janeiro e um saldo de US$ 621 mil. Outros destinos da Ásia, como Barein e Arábia Saudita contribuíram para as vendas no período.