Brasil pode ser autossuficiente e exportador de trigo em 10 anos, afirma Celso Moretti

O trigo é uma importante opção de cultivo para o Brasil Central, tanto para a produção de grãos, quanto como no aproveitamento da palha no sistema plantio direto. A cultura também é importante para interromper o ciclo de pragas e doenças no monocultivo de leguminosas, além de preencher o espaço imposto pelo vazio sanitário da soja e do feijão. As condições climáticas do Cerrado, com períodos de chuvas e seca, bem definidos, garantem um trigo de excelente qualidade industrial, com rendimentos superiores aos da região Sul do País. Além disso, o trigo do Cerrado alcança melhor preço no mercado nacional, já que a colheita acontece no período da entressafra brasileira e argentina, principal país fornecedor de trigo ao Brasil.

Esse trigo, cultivado no período da segunda safra (safrinha) sem irrigação após a colheita da soja, vem ganhando cada vez mais espaço nas lavouras do Cerrado do Brasil Central. A EMBRAPA estima que nesta safra devem ser semeados cerca de 200 a 250 mil ha do cereal na região. O cultivo tem avançado principalmente entre produtores que desejam diversificar culturas, mitigar problemas e diminuir riscos, ou mesmo para aproveitar áreas que ficariam em pousio ou seriam cultivadas com plantas de cobertura. 

Com o desenvolvimento pelos pesquisadores da Embrapa de cultivares mais adaptadas à região, o trigo tem sido adotado no sistema de cultivo em plantio direto, principalmente em sucessão à soja e em rotação com o milho e o sorgo, diversificando o sistema de produção e diminuindo riscos. A inserção do cereal em rotação no sistema tem proporcionado inúmeros benefícios agronômicos, como a quebra do ciclo de pragas e doenças na área, principalmente fungos de solo, plantas daninhas e nematoides.