Análise de imagens de satélite entre 1985 e 2020 permite constatar queda nas áreas de pastagem degradadas em 50%

A MapBiomas – iniciativa multi-institucional que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia – apresentou em 13 de outubro, pelo YouTube, mapeamento inédito, cujos resultados mostram, por exemplo, que a área de pastagens cresceu 200% na Amazônia nos últimos 36 anos, sendo que, no mesmo período, a quantidade de pastagens severamente degradadas caiu pela metade em todo o País

As análises são feitas com ferramenta desenvolvida pela MapBiomas, que disponibiliza informações geradas com resolução espacial de 30 metros. Os dados são processados usando algoritmos de classificação automática por meio de informações na nuvem do Google Earth Engine.

A análise das imagens de satélite entre 1985 e 2020 permitiu também avaliar a qualidade das pastagens brasileiras e constatar uma queda nas áreas com sinais de degradação de 70% em 2000 para 53% em 2020. No caso das pastagens severamente degradadas houve uma redução ainda mais expressiva; representavam 29% das pastagens em 2000 (46,3 milhões de hectares) e agora representam 14% (22,1 milhões de hectares). Essa melhora foi identificada em todos os biomas, sendo que os que apresentaram maior retração nas áreas severamente degradadas foram Amazônia (60%), Cerrado (56,4%), Mata Atlântica (52%) e Pantanal (25,6%).

“A qualidade das pastagens tem importância estratégica para o produtor e para o País. Para o produtor, pela relação direta com a produtividade do rebanho, seja ele de corte ou de leite. Para o país, pela capacidade das pastagens bem manejadas de capturar carbono das. Por outro lado, pastagens degradadas agravam a contribuição do setor agropecuário para as emissões dos gases que estão alterando o clima, com efeitos perversos sobre a própria atividade agropecuária”, explica Laerte Laerte Ferreira, professor e pró-reitor de Pós-Graduação (PRPG) da Universidade Federal de Goiás e coordenador do levantamento de pastagens do MapBiomas.

De 1985 a 2020, pelo menos 252 milhões de hectares são ou já foram pastagem. A partir da análise de imagens de satélite foi possível detectar duas fases distintas no processo de conversão que transformou quase um terço do País em pastagens nesse período. Ele foi mais intenso entre 1985 e 2006, quando se registrou um crescimento de 46,3% na extensão ocupada por pastagens, que passou de 111 milhões de hectares para 162,4 milhões de hectares. Em meados dos anos 2000, a área total de pastagem parou de crescer e até encolheu, registrando uma retração de 5% de 2005 a 2020.

O trabalho ganha expressão quando se considera que o principal uso dado ao solo brasileiro é a pastagem: ela ocupa 154 milhões de hectares de norte a sul do país, com presença em todos os seis biomas. Essa área praticamente equivale a todo o Estado do Amazonas, que tem 156 milhões de hectares; ou 6,2 estados de São Paulo; ou, ainda, mais de duas vezes e meia o tamanho da Bahia.

A área destinada à pecuária é ainda maior se considerar que a ela se somam parte das áreas de campos naturais, principalmente no Pampa e Pantanal, que cobrem 46,6 milhões de hectares no País, e áreas de mosaico de agricultura e pastagem onde o mapeamento não permitiu a separação ou elas ocorrem de forma consorciada, e que cobrem 45 milhões de hectares.