Agronegócio e ESG: temas nada excludentes e altamente complementares, garante especialista

ESG é uma sigla cada dia mais citada e apontada como imprescindível aos desafios relacionados ao dia a dia das empresas, a seu futuro e ao planeta. A sigla vem do inglês, Environmental, Social and Governance, que em português corresponde a melhores práticas no âmbito Ambiental, Social e de Governança. A adoção dessas premissas é entendida pelos atores com os quais a empresa se relaciona como uma forma de mostrar responsabilidade e comprometimento com o mercado, seus consumidores, fornecedores, colaboradores e seus investidores.

Alguns estudos, inclusive da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), listam ESG entre os principais gargalos do setor no País, até porque os consumidores e o mercado estão cada vez mais engajados e atentos à defesa do meio ambiente, das pautas sociais e das práticas de governança.

Olhando para a agropecuária nacional e para os volumes da produção brasileira e das exportações é interessante pensar em como compatibilizar essas práticas com as atividades inerentes à atividade no campo, entender suas aplicações e conhecer os ganhos das práticas ESG na criação de animais, no cultivo e plantio de alimentos.

Emanuel Pessoa – advogado especialista em Política Econômica Internacional, Negociação de Contratos, Inovação e Internacionalização de Empresas, com mestrado e doutorado em Direito, respectivamente pela Harvard Law School e pela Universidade de São Paulo, entre outras titulações acadêmicas – define essa relação como “nada excludente e altamente complementar”, afirmando que “para compreender essa visão, precisamos observar ângulos distintos relacionados ao setor”, afirma.

O primeiro deles é a questão de que cada vez mais consumidores têm se importado com a origem dos alimentos que consomem, levando em consideração informações sobre a sustentabilidade do negócio, área de cultivo apropriada, utilização ou não de insumos prejudiciais ao consumo humano e à natureza, e o tipo de tratamento dado aos animais, por exemplo. “Esses consumidores estão dispostos a pagar mais pela comida que estiver de acordo com os valores ambientais em que acreditam”, explica Emanuel.

Do lado dos investidores, é possível observar essa mesma tendência crescente, dando preferência a aportar dinheiro em empreendimentos que adotam princípios de proteção ambiental e sustentabilidade na criação, plantio e colheita. “Isso significa que tais empresas encontram crédito mais abundante que as suas concorrentes que não demonstram preocupação ambiental. E com crédito mais barato, elas podem ampliar seus investimentos em tecnologia e produtividade”, pondera o especialista.

O ESG acaba sendo um diferencial para o investimento e já é uma preocupação dos empresários do setor. Segundo a pesquisa Anual Global de CEOs 2021, da PwC, 47% dos líderes brasileiros do agronegócio acham que precisam divulgar mais o seu impacto no meio ambiente.

“Claro que ainda há obstáculos a serem superados, como a demanda por energia e água. Mas já passou da hora de aplicar as práticas ESG no agronegócio. Não fazendo isso, a empresa está se privando de um mercado consumidor que paga mais, de crédito mais barato e ainda incorre em riscos à sua reputação, em um momento em que seus concorrentes se esforçam para se posicionar como campeões de sustentabilidade”, conclui o advogado.

Foto: sedaily.com