Silo Inovação Aberta é novidade da Embrapa Gado de Leite com iniciativa privada

A manhã de 27 de agosto de 2021 foi agitada na Embrapa Gado de Leite. Além de lançar o Silo Inovação Aberta, um hub que marca um novo capítulo na pesquisa científica do setor; a Embrapa inaugurou uma série de inovações implementadas no Campo Experimental de Coronel Pacheco, tais como quatro infovias de cabos de fibra ótica, em um total de 9 km; placas fotovoltaicas que alimentarão o primeiro e único Compost Barn instalado em ambiente de pesquisa do País; e primeira cerca de Biosseguridade em produção de leite, instalada no entorno do Compost Barn.

As inovações tecnológicas apresentadas compõem conceitualmente a “Fazenda 4.0” – derivado de Indústria 4.0 – que permitirão ao Campo Experimental da Embrapa abrigar os instrumentos necessários para os trabalhos do Silo Inovação Aberta. Sua criação se pauta na busca por soluções para o agronegócio brasileiro, por meio de Inovação Aberta, reunindo competências colaborativas de empresas e instituições, para gerar impacto zero em termos de emissão de gases do efeito estufa, para reduzir as desigualdades sociais em todas as suas dimensões e para assegurar ganhos econômicos aos stakeholders envolvidos com a produção de alimentos, energia e fibras.

“O setor privado está se juntando à Embrapa. Estamos diante de um conceito que é o de inovação aberta. Estamos criando um novo patamar, mirando uma modernidade focada no consumidor e no planeta. Além disso, estamos criando oportunidade para os jovens que querem transformar o mundo, mas muitas vezes não encontram a oportunidade. O Silo vai possibilitar isso, apoio para que eles transformem ideias em realidade”, comentou Paulo do Carmo Martins, chefe-geral da Embrapa. Instalado na sede da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora (MG), ocupa 1.400 m² de área.

Tecnologias

As quatro infovias de cabos de fibra ótica cortam todo o Campo Experimental, em um total de 9 km, cujos sinais difundem nas áreas de experimentos por meio de antenas de wireless.  Sob a ótica da internet das Coisas (IoT), o projeto eleva a pesquisa para uma outra dimensão ao tornar digitais os projetos de pesquisa relacionados à forrageiras e aos plantios de grãos, além de possibilitar a expansão dos experimentos com máquinas, animais no campo e a interação destes com as plantas.

 Já as placas fotovoltaicas cuidarão da alimentação do primeiro e único Compost Barn instalado em ambiente de pesquisa no País, buscando equacionar o principal aspecto negativo desse modelo de criação de gado, que garante bem-estar animal e produção de leite de qualidade: o grande consumo de energia necessário para o seu funcionamento.

A cerca de Biosseguridade em produção de leite, também instalada no entorno do Compost Barn, como esclarece Martins, contribui para atender as exigências de biosseguridade por parte do consumidor: “Uma das atitudes que estamos adotando é cercar o composto para que não ocorra a entrada de outros animais, evitando assim potencial contato que leve doenças, vírus e bactérias para as vacas”.

Parceria público-privada

O Silo Inovação Aberta foi desenvolvido em parceria com a Microsoft, TIM Brasil, Nestlé do Brasil, Arcelor Mittal, IS Brasil, Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e a aceleradora corporativa Neo Ventures. O hub de inovação permitirá a conexão de startups com empresas líderes de tecnologia da informação e comunicação, universidades, uma aceleradora, agentes do agronegócio, investidores e todo o corpo técnico da Embrapa Gado de Leite, além das melhores universidades brasileiras.

“Nenhuma grande empresa faz inovação hoje em dia. Uma grande empresa tem tantos controles que ela mata a inovação. Por isso, ela tem que contratar jovens que pensam fora da caixa”, explica o chefe-geral da Embrapa, sinalizando que “o hub de inovação permitirá a conexão de startups com empresas líderes de tecnologia da informação e comunicação, uma aceleradora, agentes do agronegócio, investidores e todo o corpo técnico da Embrapa Gado de Leite, além das melhores universidades brasileiras”.

“Um dos exemplos de aplicabilidade do Silo é o da Nestlé do Brasil. A organização tem o compromisso global de neutralizar as emissões de carbono de suas operações até 2050. Como a Nestlé vai levar seus produtos para a casa das pessoas emitindo carbono zero? As startups estão aí para encontrar essas soluções e o Silo é a grande ponte entre as partes”, esclarece Martins. 

Como vai funcionar?

O primeiro passo do processo é o challenge, seguido de um workshop para levantamento de desafios e dores internas da empresa, evoluindo para a etapa de categorização e priorização das situações levantadas. A partir dessas informações, é realizada uma chamada pública para a apresentação de rotas de solução para os desafios propostos, seguida de um hunting feito com base no banco de dados da Neo Ventures.

É feita então uma triagem buscando as três melhores rotas de soluções apresentadas e, posteriormente, um bootcamp, para o refinamento da solução entre a startup e a empresa. Na sequência, é desenvolvida uma POC (Prova de Conceito) para verificação da viabilidade da solução. Em caso de validação, o negócio é fechado entre a startup e a empresa demandante. Neste ponto do projeto, existem possibilidades de compartilhamento de resultados durante a trajetória de desenvolvimento e da comercialização com as empresas participantes da iniciativa (Roadshow).

Na reta final, são executadas as etapas de aceleração, com indicação de startups para o programa de aceleração do Silo, e de mentorias com a participação ativa no processo de desenvolvimento das startups indicadas. Fecham a cadeia do programa de inovação às etapas de investimento, na qual é possível aplicar recursos nas startups, e a da colheita dos resultados e soluções desenvolvidas.