Especial – Estimativas divergem, mas há certeza de quebra na safra de café deste ano

Com a colheita do arábica tendo de fato iniciado nos últimos dias, devendo ganhar força nas próximas semanas, atingindo o pico de em meados de junho e início de julho, a estimativa de safra de café para 2021-2022 causa controvérsias quanto aos volumes, mas um ponto é comum em todas as previsões: a safra terá redução expressiva, afinal, a época é de bienalidade negativa, marcada por clima quente e seco, na maior parte de 2020.

Por exemplo, enquanto em 12 de maio o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que devem ser colhidas cerca de 46,7 milhões de sacas de 60 kg de café, a projeção para o País foi reduzida em 0,6%, ante o mês anterior, permitindo estimar recuo na produção total de café de 24,3%, na comparação com a safra passada, acrescentou o IBGE, citando uma menor produção de arábica, devido à seca e ao ano de baixa produtividade da cultura.

Segundo o IBGE, a área plantada apresenta declínio de 5,1% e a área a ser colhida, de 5,3%. Para o café arábica, a produção estimada foi de 31,8 milhões de sacas, declínio de 1% em relação ao mês anterior e de 33,2% na comparação com 2020, que teve uma produção recorde.

Já para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão divulgada em 25 de maio, é de 48,8 milhões de sacas de 60 kg, com queda de 22,6% ante o recorde de 63,08 milhões de sacas do ano anterior, sendo que o café arábica, que representa aproximadamente 70% da produção total, deverá sofrer redução de 31,5% ante 2020.

E as diferenças nas estimativas seguem. A consultoria StoneX projetou a safra de arábica em 31,4 milhões de sacas, queda de 33% ante a temporada anterior; e o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), trabalha com colheita de arábica de 35 milhões de sacas, com redução anual de 30%.

Quanto à área total de produção de café do Brasil, incluindo arábica e canéfora (conilon/robusta),, a estimativa é de 1,82 milhão de hectares, queda de 3,2% ante 2020, com redução também na produtividade média nacional, que deve se situar em 25 sacas/hectare, indicando redução de 25,4% em comparação à safra anterior, em função da queda nas lavouras de arábica.

O outro lado

Mas há notícia positiva, trazida por Silvio Farnese – diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) – durante o anúncio dos números da Conab, em 25 de maio: alta de 41,4% em relação ao ano-safra anterior, nos cafezais. Esses 392 mil hectares, com certeza, impulsionarão a colheita brasileira nos próximos anos.

“A maior área em formação é indicativo de que teremos no futuro uma boa produção de café, considerando áreas novas que foram renovadas, que têm tecnologia mais apurada, variedades mais produtivas. Quando entrarem em produção, vamos ter uma safra de café com boa qualidade”, destacou Farnese, explicando que o resultado preciso para a safra atual “é muito próximo ao de 2019 (49,3 milhões), o último ano de baixa de produção do arábica, apesar de preocupações do setor produtivo de uma queda muito maior do que o normal em função da prolongada seca em 2020”.

Por outro lado, reforça Farnese, como haverá menos café no mercado, os preços permanecerão elevados.