Tecnologia aumenta peso de peixes panga em até 20%


Parte do Programa de Metas do Governo do Estado de São Paulo, tecnologia desenvolvida por pesquisadores da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo focada na produção de peixe do tipo panga gera ganhos significativos ao setor de produção.

O trabalho conduzido pela APTA Regional, unidade de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, mostrou ganho de peso 20% maior quando os peixes panga são alimentados com ração com 40% de proteína bruta em tanques-rede de 1m³.

Para se chegar a esse resultado, os pesquisadores verificaram a criação dos pangas utilizando ração de 32% e 28% de proteína bruta. “O estudo mostrou que o sistema de produção de panga, preconizado pela APTA, é uma atividade rentável, já que a lucratividade obtida ficou entre 2,68% a 3,89%, considerando o custo operacional. Os dados obtidos demonstram que houve lucro, indicando que a produção de panga pode ser uma opção de ganho financeiro para o produtor”, afirma a pesquisadora da APTA Regional de Monte Alegre do Sul, Célia Maria Doria Frasca Scorvo. O estudo contou com a participação das empresas Guabi Nutrição Animal e Piscicultura Águas Claras.

De acordo com o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Junqueira, a criação do panga é uma nova opção para geração de renda ao piscicultor, pois é uma espécie que apresenta bom desempenho produtivo e tem interesse do mercado consumidor. “O peixe é mais uma opção de proteína animal de alto valor nutricional, que poderá contribuir com a segurança alimentar”, afirma. Outras vantagens da espécie, apontadas pelos pesquisadores, são sua tolerância a baixos níveis de oxigênio dissolvido na água e altas densidades de estocagem.

Segundo a equipe de pesquisadores, foi verificado que para maior rentabilidade do piscicultor, a criação do panga deve ser realizada em viveiros escavados com densidade de até dez peixes por m² desde que se tenha renovação de 5 a 10% de água no tanque. “Para locais com baixa renovação de água, o produtor deve diminuir a densidade, que pode variar de um a três peixes por metro quadrado”, explica Célia Scorvo.

De acordo com os cientistas, a produção de panga alcança melhor desempenho em locais em que ocorre pequena oscilação da temperatura da água ao longo do ano, sendo ideal que a criação do peixe em temperatura entre 23ºC e 29ºC.

A produção de panga no Estado de São Paulo é permitida em viveiros escavados. De acordo com os pesquisadores da APTA Regional, os estudos ocorreram em tanques-rede, dentro de viveiro escavado, para obtenção de informações com repetições. “O produtor deve fazer os licenciamentos ambientais e a outorga de água antes de iniciar a atividade, tirar registro de aquicultor e ter GTA (Guia de Trânsito Animal) para poder comercializar os animais”, explica Célia.

Produção nacional de panga – Dados do anuário da Associação de Piscicultura PEIXE BR 2021 mostram que, em 2020, mesmo frente aos desafios sanitários impostos pela pandemia, a produção de peixes de criação no Brasil avançou 5,93%, atingindo uma produção de 802.930 toneladas, sendo 60,6% correspondentes à produção de tilápia e o restante atribuído à produção de outras espécies como carpa, truta e pangasius. Essas espécies mostraram bom desempenho, com crescimento de 10,9%. O panga teve destaque, ganhando espaço na produção, especialmente no Nordeste do País.

Em números de produção de pescado, São Paulo cresceu 6,9% no ano passado, alcançando 74.600 toneladas. Com esse desempenho, o Estado se consolida como o segundo maior produtor do Brasil, sendo responsável pela produção de 600 toneladas, por ano, de panga e outras espécies.

Entregas tecnológicas – O Programa de Metas do Governo do Estado de São Paulo prevê a entrega de soluções tecnológicas para o setor de produção. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, por meio de seus seis Institutos e 11 Polos Regionais de pesquisa, fará dezenas de entregas ao longo do ano nas áreas de agricultura, sanidade animal e vegetal, pesca e aquicultura, produção animal, processamento de alimentos e economia.

“Esta é a terceira entrega que fazemos em março de 2020. Já entregamos ao setor produtivo tecnologias para produção de lambari em conjunto com camarão e uso de rã como bioindicador ambiental. Temos a meta de entregar ao menos 50 novas tecnologias neste ano, todos trabalhos que trazem benefício para o setor de produção e, consequentemente, para toda a sociedade”, afirma Antonio Batista Filho, coordenador da APTA.

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