Cresce a produção de semente pela Fazendo do Estado de São Paulo

Inaugurada em 1958, em Manduri (SP), a Fazenda do Estado – como é conhecida a Fazenda Ataliba Leonel, principal unidade de produção de sementes da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, ligada ao Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM), da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) -, mesmo com as restrições impostas pela pandemia, cumpre o compromisso de disponibilizar sementes e grãos com garantia de qualidade e preços acessíveis para atender, principalmente, à demanda dos pequenos produtores de São Paulo e outros Estados.

“Para garantir os trabalhos, respeitando os protocolos sanitários, desde o início da pandemia fizemos as adequações necessárias em nossas instalações e capacitamos nosso corpo de funcionários e terceirizados de empresas contratadas via licitação realizada em outubro, para os plantios de milho e soja, resguardando os de grupo de risco. Assim, foi possível continuar desenvolvendo o nosso trabalho extensionista na área de produção de sementes”, ressalta Gerson Cazentini Filho, diretor do Centro de Produção de Sementes do DSMM/CDRS, explicando que o produtor tem um planejamento de safra, depende do tempo, do clima e da época certa para efetuar os plantios e não pode esperar. “Sendo assim, nos dedicamos em manter os estoques de sementes disponíveis para a safra atual (2020/2021), com especial atenção à distribuição. Para atender os produtores, com sementes de qualidade na safra 2021/2022, intensificamos as ações para respeitar a melhor época de plantio, que é agora”.

Segundo o engenheiro agrônomo Fernando Alves dos Santos, responsável técnico da Unidade, o plantio está a “pleno vapor”. “Nossa estimativa é atingir o plantio de 480 hectares de milho (sementes) – carro-chefe da Unidade – e 480 hectares de soja (grãos). Das variedades de milho, a previsão da safra é de 200 toneladas do AL-Avaré (destinado à produção de grãos); 300 do AL-Piratininga (para silagem); 60 toneladas do CATIIVERDE 02 (destinado ao milho verde); e 20 toneladas do A-Bianco (milho branco para canjica); a colheita acontece entre março e abril, com início das vendas no mês de agosto. Em relação à soja, cuja colheita começa a partir de março, a previsão de colheita é entre 1.000 e 1.200 toneladas”, informa, lembrando que, há duas safras; uma área foi separada para a produção de soja em sistema orgânico, na qual a expectativa é colher 20 toneladas.

Sobre a comercialização, Fernando esclarece as mudanças e os ajustes realizados. “A comercialização direta em nossas unidades (Ataliba Leonel, Paraguaçu Paulista, Itapetininga, Avaré, Aguaí, Fernandópolis, Araçatuba, Santo Anastácio e Taubaté) está mantida, com sistema de venda on-line ou por telefone, e agendamento prévio de retirada, com horário pré-estabelecido”, diz o agrônomo, salientando: “Para melhor atender os produtores, neste período de pandemia, em que as Casas da Agricultura estão com atendimento remoto, diversificamos nosso sistema de venda e distribuição, intensificando a entrega via Correios e transportadora. Também foi disponibilizada uma linha direta com o grupo de comercialização (vide final da matéria). Temos ainda intensificado a venda em parceria com revendas agropecuárias de todo o Estado”.

Outras sementes disponíveis e em fase de plantio para a safra 2021/2022 – Para atender os produtores que precisam de sementes para a adubação verde, os estoques de feijão guandu, nabo forrageiro e girassol estão guarnecidos. Mas, à semelhança das sementes de milho e soja, também estão em época de plantio para atender a safra de 2021/2022. “Essas plantas têm uma grande demanda por parte dos produtores, pois ajudam na reciclagem de nutrientes do solo, quando instaladas nas entressafras das culturas principais. Elas também auxiliam no manejo de pragas e doenças, pois atraem inimigos naturais, bem como liberam substâncias que controlam doenças e plantas daninhas. Nossa previsão é começar a trabalhar também com crotalária, para adubação verde e manejo de nematoide”, explica Fernando Santos, comentando que também estão investindo na multiplicação de sementes de amendoim do grupo Tatu (grãos menores, com casquinha vermelha) em sistema orgânico, bem como o amendoim Sempre Verde, desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA), o qual é resistente às principais doenças foliares.

“O volume de sementes de amendoim produzido ainda será pequeno, visto que se trata de um material novo e de categoria superior, mas estamos trabalhando para aumentar a oferta nos próximos anos, já que é um material de grande potencial de vendas, devido à falta de sementes certificadas para o sistema orgânico no mercado”, reforça o responsável técnico da Unidade.

Milho orgânico. A área de 20 hectares, certificada pelo Instituto de Biodinâmica (IBD), organismo de alcance nacional e internacional, também já está sendo trabalhada e recebendo as sementes do AL-Paraguaçu, primeira variedade de milho orgânico do Brasil. “Inovação, tecnologia, compromisso com a qualidade, respeito aos produtores e consumidores e promoção de uma agricultura em harmonia com o meio ambiente são os conceitos que norteiam o nosso trabalho no segmento da produção orgânica de sementes”, explica Fernando, salientando que os 20 hectares credenciados na certificação estão divididos em uma área para agrofloresta, margeando a represa; uma área para produção de cereais; e uma área destinada a forrageiras. “Fizemos a certificação dessa forma, para que futuramente possamos diversificar a produção de sementes de orgânicas, para além do milho”.

Para a próxima safra já estão plantados oito hectares do AL-Paraguaçu, com uma previsão de colheita de 20 toneladas. “A procura pelas sementes de milho orgânico tem sido bem grande, mas estamos conseguindo atender com o estoque da última safra”, informa o agrônomo.

Modernização e tecnologia impulsionam a produção – Em seus primórdios, a Unidade – que tem uma área de 3.700 hectares, dos quais 1.693 são agricultáveis – se estabeleceu como centro de desenvolvimento de pesquisas voltado à produção de sementes variedade de milho, que resultaram na série Ataliba Leonel (AL), a qual se tornou uma marca de garantia de qualidade sanitária, genética e produtividade. A partir da década de 1980, passou a produzir também sementes de feijão, soja, arroz, triticale, sorgo, aveia e outras.

Além da produção, Ataliba Leonel congrega unidades de secagem, beneficiamento e classificação, com sistema de armazenagem em silos com termometria digital, o qual permite acompanhamento da secagem, com ligue e desligue dos secadores à distância, via celular ou computador, o que otimizou o tempo de trabalho da equipe, principalmente nos finais de semana.

Outra tecnologia que vem proporcionando excelentes resultados, agregando valor à produção, é a utilização de terra diatomácea no tratamento das sementes contra pragas de armazenamento. “Saímos de um tratamento químico que inviabilizava que as sobras de sementes pudessem ser utilizadas, por exemplo, na alimentação animal, para um sistema totalmente natural, à base de pó de rocha”, avalia Gerson Cazentini.

Para manter o seu trabalho de excelência, a Fazenda está em constante transformação, com investimento em tecnologia no manejo e na recuperação do solo; rotação de culturas; aquisição de insumos e equipamentos modernos (trator, pulverizador autopropelido, máquina semeadora e adubadora e carreta-tanque). De acordo com Cazentini, “hoje, esta é uma unidade referência da Secretaria de Agricultura de São Paulo, onde foi e continua sendo feito um trabalho de desenvolvimento e melhoramento de variedades, que a elevou a um patamar de respeito e confiabilidade na disponibilização de um produto diferenciado aos agricultores”.

Diversificação de atividades e adoção de tecnologia otimizam mão de obra, trabalho e espaço em Ataliba Leonel

Há alguns meses foi instalada na Fazenda uma Unidade Demonstrativa do Sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), direcionada a produtores e pecuaristas. “Nessa área foi feito o plantio de eucalipto, intercalado com áreas para cultivo de milho ou soja, em três espaçamentos determinados para avaliar o desenvolvimento das culturas”, explica Santos, responsável técnico pela Fazenda, frisando que, em parceria com o Polo Regional de Andradina, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), os extensionistas da Unidade, com apoio do pesquisador Silvio Tavares, deram início a um projeto que visa promover seleção e melhoramento genéticos de gado de corte: “Temos área e pasto disponíveis; sendo assim, alguns animais já foram transferidos do Polo para a nossa Unidade. A expectativa é iniciar os trabalhos no começo de 2021”.

Serviço
Central de comercialização de sementes e mudas: WhatsApp: (19) 99790-8824 – Venda e informações sobre as sementes para atendimento imediato
Para detalhes sobre as sementes ofertadas pela Secretaria, contatos e preços, acesse: www.cdrs.sp.gov.br